"As Cábulas” | |
Por Rui Jorge Pinto Teixeira (Administrador do Jornal), em 2013/01/11 | 3388 leram | 0 comentários | 831 gostam |
"Para os que foram ou ainda são estudantes, o termo cábula, copiar, não é novidade nenhuma..." [Artigo submetido pela Associação de Pais e Encarregados de Educação - Ângelo Ribeiro e Paula Amador] | |
Para os que foram ou ainda são estudantes, o termo cábula, copiar, não é novidade nenhuma. É até um problema atual. A questão é saber se vale a pena. O papel da tecnologia na arte do copianço é incontornável. Os estudantes convergem para sites que disponibilizam trabalhos sobre qualquer tema, muitas vezes já com bibliografia e no formato certo, sites em que é possível comprar trabalhos de estudo já prontos, inclusive adquirir teses de mestrado e doutoramento. Os alunos usam câmaras de telemóveis para fotografar e transmitir os testes. Os seus leitores de MP3 escondem cábulas gravadas. E as calculadoras gráficas armazenam as fórmulas necessárias para solucionar os problemas matemáticos. Os próprios alunos reconhecem que é bastante comum copiar e usar cábulas devido à pressão dos bons resultados, seja para subir a média ou para entrar numa universidade. Como apenas uma pequena percentagem é apanhada em flagrante, torna-se incentivo para a maioria. Seja por medo, indiferença, vergonha ou inveja, os colegas raramente acusam e perante a dificuldade da matéria e a facilidade de recorrer à Internet, facilmente cedem ao mesmo esquema. Ser apanhado a copiar não acarreta sanções sérias fora da sala de aula e as penalizações não têm um efeito eficiente: o teste/exame é anulado e o aluno chumba, o que aconteceria na mesma, caso não tivesse copiado porque não tinha estudado. No ensino de hoje levar copianço para um teste não é apenas um auxiliar de memória, um ato psicológico, um procedimento rápido numa falha momentânea, é sim uma extrema necessidade face ao desconhecimento da matéria. Os alunos, desde muito novos, não adquirem hábitos de trabalho, trabalho continuado e sistemático, não estão atentos nas salas de aula e estudar é para “cromos”, “betinhos”… daí que rapidamente recorrem à estratégia de tentar copiar. NÃO RESULTA - Quem não tem o mínimo de conhecimento da matéria nem sabe como usar a que colocou no copianço; - Neste teste até resultou, mas no outro teste não conseguiu copiar e a nota foi um descalabro; - A avaliação de sala de aula (onde não sabe responder!!) não corresponde ao que demonstrou naquele teste positivo, a avaliação é um todo. Os alunos que adquirem o hábito de usar cábulas terão mais dificuldades perante situações reais, porque o básico não está presente. A cábula nem sempre estará disponível quando for necessária e o "bom aluno" será desmascarado. O aluno que copia apenas parece bom, enquanto na realidade é como uma "peça falsificada". Como ser diferente e evitar este procedimento? Estudar é ter apenas boas notas finais ou criar condições para que eu, estudante, me prepare para situações da vida e aplique os conhecimentos adquiridos? Devo estudar, aprender, crescer, enriquecer cognitivamente, ter prazer em saber, mais,…, ter orgulho em saber/ter conhecimentos. Perdemos demasiado tempo nas nossas vidas em querer ser melhor que os outros, ter mais que os outros, fazer "pirraça" e provocar invejas. Torna-se extremamente desgastante, uma pura perca de tempo. Sejamos bons alunos na escola e na vida. | |
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